Maricá/RJ,

QUARESMA NA VISÃO ESPÍRITA



Jesus serve como base moral do espiritismo, e é comum que no período da Quaresma nos lembremos da paixão, crucificação, morte e ressurreição de nosso Mestre Maior.

A Quaresma inicia na Quarta-feira de Cinzas e termina no Domingo de Ramos, sem a inclusão dos domingos na contagem, totalizando quarenta dias, e representa o período que Jesus passou no deserto em meditação se preparando antes de começar sua vida pública.

Todo ser espiritual deve ter dentro de si um sentimento de religiosidade, e como as instituições espíritas não celebram datas iguais a outras religiões ou filosofias cristãs, respeita e aceita todas as manifestações.

A Páscoa é anterior a Jesus e representava a comemoração de duas festas muito antigas do povo judeu. Numa delas se comemorava a libertação do povo hebreu do cativeiro por Moisés, em torno de 1441 AC, e a outra, o início da colheita do trigo, agradecendo aos Céus a fartura da produção agrícola, que alimentava a família e propiciava as trocas de mercadorias, muito comum na época.

Este período, pela interpretação das religiões e seitas tradicionais, acha-se envolta num preocupante e negativo contexto de culpa, tal qual o sofrimento de Jesus seria para nos salvar, para apagar todos os nossos erros e dos nossos ancestrais.

No período quaresmal é muito comum nos depararmos com pessoas cumprindo promessas, jejuando e fazendo penitências. Será que este período de quarenta dias seria suficiente para redimir os homens de todas as suas deficiências e erros?

Segundo afirmações contidas em “Livros dos Espíritos” – “… terá maior mérito perante Deus, aquele que aplica sua penitência em benefício de outrem…”, ou seja, pratica a caridade que, aliás, para nós que ainda somos espíritos imperfeitos, ser caridoso é uma grande penitência.

Jesus propõe que para alcançar a felicidade devemos nos abster dos vícios e praticar o amor e a caridade em toda a sua plenitude, combatendo sempre as deficiências morais e jejuando a maledicência, ironia, prepotência, hipocrisia, vaidade, ambição, egoísmo, orgulho e o ódio.

O esforço contra as más tendências deve se estender todas as horas e dias de nossa vida, pois conforme Allan Kardec afirmou em “O Evangelho Segundo o Espiritismo” – “Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar as suas inclinações más.” (Cap. XVII, item 4).

Nós espíritas sabemos que nenhum ritual externo será capaz de apagar nossos erros perante a Lei Divina. Somente uma reflexão profunda de nossas atitudes, através do autoconhecimento, para auxiliar em nossa transformação moral, no esforço da prática da caridade em auxílio do próximo e na superação dos vícios e defeitos.

Eduardo Silveira

Fonte: http://www.ordemflf.com.br/

Um comentário:

  1. Excelente texto. Importante reflexão sobre a Quaresma numa visão Espírita, já que, como o próprio texto esclarece: “como as instituições espíritas não celebram datas iguais a outras religiões ou filosofias cristãs, respeita e aceita todas as manifestações”.
    Mas, muitas vezes, os espíritas acabam – via de regra – por aceitar para este “Tempo de Quaresma”, as características do Catolicismo e acompanhar, de certa maneira, os ritos católicos.
    Para o Catolicismo esse tempo se torna mais pesado, porque, é por suas penitências, que o praticante consegue o perdão dos pecados. É, inclusive, um tempo bem marcado pela liturgia; pelas vestes e paramentos da cor roxa e pelo jejum.
    Como diz o texto: ”ser caridoso é uma grande penitência”; e que devemos “praticar o amor”; “jejuar a maledicência, a ironia, a prepotência, a hipocrisia, etc, etc”.
    E que: “Nós espíritas sabemos que nenhum ritual externo será capaz de apagar nossos erros perante a Lei Divina”.
    Significa dizer que a Quaresma é tempo de olhar para a vida que temos vivido e como a temos vivido. E olhar, verdadeiramente, para o nosso irmão. É tempo de conversão, sim, mas, principalmente, de revisão de vida e mudança de atitude.
    Quaresma para nós, Espíritas, deve ser um tempo de Caridade e Perdão.

    Maria Regina Moura



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